Jorge Ricardo, extraordinário, estupendo e imortal.

Fonte: Site Raia Leve
14/12/2014 – 10h29min

ElTurf.com

 

Na semana passada escrevi uma crônica aqui no site para relembrar o triunfo de Much Better, do Stud TNT, no Grande Prêmio Carlos Pellegrini de 1994, portanto, há 20 anos. Não poderia imaginar que este feito fosse repetido sete dias depois por este incrível Jorge Ricardo. O seu desempenho no dorso de Ídolo Portenho foi autêntica aula de como se deve conduzir um puro-sangue de corrida. Ricardinho, aos 53 anos, ainda parece aquele menino de 15 anos que levava os primeiros tombos no Bombril (raia auxiliar), sempre acompanhado de perto por seu pai, Antônio Ricardo, um dos melhores freios da América do Sul de todos os tempos. Que pena! O Ricardão se foi tão cedo, no ano passado, e não pode ver de perto o seu filho conquistar pela terceira vez a mais importante prova da América Latina.

Ricardinho é uma lenda. Ricardinho é um herói. Líder absoluto de uma geração de jóqueis espetaculares se mantém vivo, quando todos os seus colegas se aposentaram e exercem outros papéis fora das pistas. Ele se mantém inexpugnável. Derrota o tempo, o câncer, as fraturas e até a lógica. Que lógica que nada! Jorge Ricardo escreve a sua própria história. É um cavaleiro nobre, ético e invencível. A gente só lamenta que o turfe brasileiro atravesse fase tão inexpressiva que uma façanha desta não encontre eco nas televisões, nos cadernos de esporte, nas rádios e nas redes sociais. Ricardinho precisou sair do seu país para receber o reconhecimento merecido. Aqui no Brasil perambulou anônimo pelas ruas, shoppings e restaurantes. Na Argentina é saudado como um ídolo. E por isso nada mais justo do que montar um cavalo com o nome de Ídolo Portenho.

Mas a história de Jorge Ricardo e de seus feitos heroicos ainda vai ecoar por alguns anos. O brasileiro tem uma tarefa final. Um último ato desta linda história de vida. Alcançar o canadense Russel Base no topo do ranking mundial. A missão foi cumprida duas vezes por ele. Mas as amarguras desta vida alucinada e muitas vezes injusta recolocou Base outra vez a sua frente. Na primeira vez foi o linfoma que atrapalhou. Mas Ricardinho o derrotou em oito meses. Depois, foi uma queda que lhe proporcionou 11 pequenas fraturas no cotovelo direito. E lá veio de novo a pedra canadense no seu caminho. Mas qualquer observador atento à reta final do Hipódromo de San Isidro notou que Ricardinho continua com equilíbrio perfeito no dorso de um cavalo, a tocada ritmada e o preparo físico notável.

Na próxima semana, Jorge Ricardo será a principal atração do Grande Prêmio Bento Magalhães, em Pernambuco. E os pernambucanos, com toda certeza, o receberão com carinho e euforia. E que ninguém duvide que muitos turfistas das regiões sul e sudeste já alteraram o seu planejamento de férias para saudar de perto o maior herói do turfe nacional de todos os tempos. Se o turfe brasileiro tivesse dirigentes mais competentes, ele seria saudado pelos brasileiros como Ayrton Senna. Mas, graças a Deus, para consolo dos turfistas, por quase 30 anos, as nossas tardes de domingo iluminadas pela garra e o talento deste fenômeno. Agora é a vez dos argentinos usufruírem deste privilégio.

por Paulo Gama

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