Entrevista com o narrador do JC de Pernambuco, Francisco Mendonça 01/09/2012 – 11h41min

Entrevista publicada no site Raia Leve:

Francisco de Mendonça Rocha, 50 anos, alagoano de Palmeiras dos Indios, radialista formado pelo Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco (CEFET-PE). Frequenta o Jockey Club de Pernambuco desde os 8 anos de idade. Mora na Rua Gomes Taborda ao lado do Jockey. Começou a narrar as corrida no Jockey no inicio da década de 90 quando substituiu o então locutor Eglison Tavares (Bigú) que tinha ido narrar no Jockey Club de São Paulo.

RL- Quando começou as corridas de Pônei no Recife?

CM- As corridas de pônei começaram a ser disputadas na Madalena no dia 27 de Janeiro de 1997, na gestão do presidente Ricardo Pereira. Lembro que foi um sucesso, o Jockey estava completamente lotado e todas as emissoras de TV e os dois principais Jornais da época (Diário de Pernambuco e Jornal do Commércio) estavam no Jockey e divulgara a corrida da preparação dos animais durante a semana, até à premiação. No dia seguinte, duas emissoras de TV a Globo e a TV Jornal, ainda fizeram matérias sobre o dia do vencedor. Teve bolo, cantamos parabéns tanto para o jóquei mirim Luiz Carlos da Silva (Macarrão), como para o pônei Monarca os vencedores da 1ª corrida de pônei.

RL- Como surgiu essa ideia de fazer uma corrida de pônei?

CM- Foi em novembro de 1996, quando uma repórter da TV Pernambuco Fábia Belém (na época estagiária), me pediu para que o um dos meus sobrinhos ficasse em cima do pônei para gravar umas imagens de apoio para o texto. Daí eu fiquei imaginando como seria interessante na hora do cânter de um grande prêmio, um pônei com um garoto vestido com a roupa de jóquei entrasse na frete dos cavalos todos enfileirados. A ideia era essa. Daí eu vi um pônei galopando na área de julgamento na exposição e fui pesquisar sobre eles e descobri que seria possível realizar uma corrida com esses animais. Não sabia se dava certo ou não, mas graças a Deus deu.

RL – Foi muito difícil implantar a ideia. Quem te apoiou?

CM – Lembro quando levei a ideia para o Jockey, o presidente na época era Ricardo Godoy que estava encerrando o seu mandato, ele não permitiu a realização da corrida. Mas todo isso foi por conta de um comissário de corrida que não era a favor e lembro que ele dizia que tinha um pônei na cocheira do Stud Ouro Preto hoje Stud Gold Black, que era muito brabo, mas esse pônei já não estava mais no Jockey. Por isso que a primeira corrida só foi realizada em janeiro de 97, quando Ricardo Pereira assumiu a presidência do jockey. Teve também alguns treinadores e proprietários que eram contra, mas logo de cara eu tive o apoio dos treinadores I.Barbosa, J.R.Santos, A.Alves , W.Maciel e M.L.Maciel.

RL – Diferente da maioria das pessoas ligadas ao tufe que vai pela família. O que o levou ao Hipódromo da Madalena?

CM – Desde criança eu sempre gostei de animais e sempre tive vontade de ter um cavalo independente da raça. Por mora junto do Jockey, foi juntar o desejo com a paixão. Deu no que deu.

RL – Sabemos que para participar das corridas de Pônei a criança tem que mostra o boletim para você. Acredita que isso ajude a tirar crianças da Rua?

CM- Acredito sim, e mais, educação é muito importante hoje em qualquer profissão. Veja só, para uma pessoa hoje trabalhar em serviços gerais em um shopinng, ela tem que ter o 2º grau incompleto e é exigido até que tenha noções de inglês. Acredito que um jóquei com uma boa formação, vai da menos trabalho a comissão de corrida de qualquer hipódromo. Vão se sair melhor nas entrevistas e ter um relacionamento mais respeitoso com o publico e principalmente com os proprietários de animais. Confesso que fiquei surpreso com a desenvoltura do aprendiz A.F.Matos, quando deu uma entrevista para a TV Globo quando da sua despedida do Recife. O Jorge Ricardo é outro bom exemplo. Temos que pensar daí pra frente até porque tem muitos repórteres que gosta de fazer chacota com jóqueis e treinadores que às vezes não sabe se expressar bem. Se não tiver na escola e com bom aproveitamento não monta é o caso do garoto Leo Santana que foi desligado porque não quis freqüentar escola. Hoje ele é um aprendiz, mas já é esquecido pelos treinadores.

RL – Hoje tem jóqueis e aprendizes que começaram com você e hoje se destacam nos principais hipódromos do Brasil. Quem são eles?

CM – Olha, o primeiro a sair dos pôneis para montar PSI, foi o Cleiton Henrique (C.Henrique) que hoje exerce a função de segundo gerente do Stud São José dos Bastiões. Depois veio o Michel Platini que foi o primeiro a seguir para um centro mais adiantado (Cidade Jardim) incentivando a ida de S.Paiva, F.Davidson, M.Oliveira, Yago Cordeira, A.M.Silva que transferiu-se para o Rio de Janeiro e o A.F.Matos. O C. Henrique deixou de montar por conta do peso. A ida de Michel Platini, para Cidade Jardim foi o que mais incentivou os outros e aumentou o interesse dos demais pela profissão de jóquei.

RL – O que acredita que possa acontecer para você continuar com esse trabalho?

CM – Acho que esse trabalho se tornou um trabalho até social, estamos dando uma profissão a quem não tinha nem um horizonte a seguir e poderia até esta na rua fazendo besteira, e na verdade um ou dois não quiseram seguir por esse caminho e estão pagando caro por isso. No ano passado o Governador do Estado nos prometeu uma ajuda bem siguinificativa que foi um partidor para as corridas de pônei. Acredito que com esse box, vamos incentivar mais crianças a vir montar nos pôneis. Mas quero deixar bem claro que as corridas não são apenas para os que querem ser jóquei. Todos podem participar desde que tenha no mínimo 8 anos, e autorização dos pais.

RL – De que maneira você acha que as corridas de pônei podem ajudar a mudar ao turfe no Brasil?

CM – É simples, onde tem criança tem uma pespequitiva de futuro. Porque os clubes de futebol, tênis e outros seguimentos mantêm suas escolinhas! Se uma criança vai ao Jockey, e começa a participar desses eventos, ela no futuro vai no mínimo gostar de cavalos podendo ir para o seguimento de hipismo ou outro esporte, mas que tenha cavalos e sempre vai olhar o turfe com bons olhos. Se no futuro essa criança se torna um profissional liberal. Jornalista, Médico, engenheiro, político, treinador ou qualquer outra profissão vai com certeza gostar do turfe e daí vem à renovação. Lembro que certa vez o Jockey Club do Rio de Janeiro, realizou uma corrida de pônei e a repercussão foi bastante positiva. Um dos jornais tinha uma manchete que dizia “ Parecia uma tarde de grande prêmio Brasil” fazendo referencia ao publico presente. Porque não cativaram esse publico! Imagine se os proprietários mantivessem um ou dois pôneis e levassem os seus filhos, sobrinhos, netos ou afilhados para cuidar, participar e ajudar na preparação do animal para uma corrida. O prazer que teria essa criança ao ganhar a corrida, receber o troféu. Seria o Maximo.

RL – Qual distância dos páreos de pônei?

CM – As primeiras corridas foram realizadas na distancia de 200 metros, depois as distancias foram aumentando para 300 metros e chegamos a realizar uma corrida na distancia de 500 metros. Hoje criamos uma tabela de distancia que é de: 200, 250, 300, 350. 400 e 500 metros. Agora com o box, estamos programando uma prova na distancia de 600 metros que já esta sendo chamada de Bentinho. Essa prova deverá ser realizada na véspera do Grande Prêmio Bento Magalhães.

RL – Os animais aguenta essas longas distancias?

CM – Sim, não fizemos isso aleatoriamente. Para realizar-mos páreos nessas distancias os animais começaram a ser preparados e corresponderam bem nos aprontos. Já para os jóqueis mirins, eles aprendem a ter noção de como montar um animal para correr logo na frente em páreos de distancia curtas 200 e 250 metros, e aprende também a corre de alcance acomodado. Foi o que aconteceu no dia 06 de junho de 2010 quando Fome Zero com Wesley Gomes e Exótico com Alan Maciel (Hoje aprendiz de 2ª), fizeram uma corrida impecável levando o publico ao delírio. (Essa corrida é só procurar no site do Jockey e conferir).

RL – Qual o custo de manter um pônei na cocheira?

CM – Um pônei consome em média um saco e meio de ração por mês, mas a baia que sai em média R$. 60.00 a 70.00 reais por mês, da em torno de R$. 110.00 reais por mês. Se o animal for castrado ou se tratando de éguas, podemos botar até três animais por baia sem problema.

da Redação

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